21Shares entra no Brasil enquanto aposta em HYPE na Europa

A 21Shares estreou seis BDRs de cripto na B3 e reforçou sua aposta em inovação com o lançamento de um ETP de HYPE na Europa.

Marta Stephens By Marta Stephens Flavio Aguilar Edited by Flavio Aguilar Atualizado em 5 mins read
21Shares entra no Brasil enquanto aposta em HYPE na Europa

Resumo da notícia

  • A 21Shares está lançando seis BDRs de criptos na B3, ampliando sua presença no Brasil.
  • Opções incluem produtos de Ethereum e Solana com recompensas de staking mais altas.
  • A gestora aposta no equilíbrio entre investidores de varejo e institucionais no mercado brasileiro.
  • O token HYPE ganhou um ETP na Europa, com modelo de recompra que devolve até 95% das receitas ao ecossistema.

ETP de HYPEA gestora suíça 21Shares, pioneira em ETFs de criptomoedas, está consolidando sua entrada no mercado brasileiro com o lançamento de seis BDRs de cripto negociados na B3 nesta quinta-feira (25/09). Ao mesmo tempo, reforça sua aposta em ativos emergentes como o token HYPE, listado na Europa em formato de ETP.

O movimento evidencia a estratégia da empresa de atuar em duas frentes. Ela busca ampliar a oferta de instrumentos regulados que facilitam o acesso a grandes criptomoedas. No entanto, também explora a fronteira da inovação com protocolos descentralizados de alta tração.

O lançamento dos BDRs no Brasil é um passo considerado estratégico pelo time da 21Shares. Por isso, segundo Bruna Cabús, Senior Associate responsável pela América Latina e Sul da Europa, a opção inicial foi espelhar produtos já disponíveis em outros mercados. Dessa maneira, o foco está em garantir liquidez desde o primeiro dia por meio de formadores de mercado contratados.

21Shares aposta no Brasil

A empresa destacou, durante entrevista para o CoinSpeaker, que alguns desses produtos oferecem diferenciais em relação à concorrência. Esse é o caso dos produtos de Ethereum (ETH) e Solana (SOL), com recompensas de staking superiores, algo que deve atrair tanto investidores institucionais quanto de varejo.

Portanto, a gestora aposta que o Brasil. Com uma base grande de investidores e um marco regulatório considerado avançado para a região, o país pode se tornar um dos seus principais polos de expansão na América Latina.

O perfil dos investidores também foi abordado pela equipe da 21Shares. Segundo Cabús, o Brasil apresenta uma dinâmica peculiar, com o varejo impulsionando a entrada de investidores institucionais, um fenômeno que difere de outros mercados.

Com a aprovação da Lei dos Ativos Virtuais em 2023 e uma maior clareza tributária, a expectativa é de que o mercado brasileiro mantenha esse caráter híbrido, equilibrando a demanda entre os dois perfis.

Se a chegada dos BDRs marca a expansão da 21Shares no Brasil, a listagem do token HYPE em formato de ETP na Europa mostra a disposição da empresa em explorar as melhores criptomoedas do mercado.

O HYPE é um token nativo da Hyperliquid, uma plataforma descentralizada de derivativos que registrou mais de 100 milhões de dólares em receitas mensais em agosto.

Diferenciais de HYPE

Ao jornalista Leonardo Cavalcanti, Maximilian Michielsen, estrategista de investimentos da gestora, afirmou que o diferencial do protocolo está no modelo de redistribuição. Até 95% das receitas têm como destino as recompras de tokens, gerando valor direto para os detentores e fortalecendo o ecossistema.

Michielsen argumenta que esse modelo corrige um problema histórico dos tokens de governança em protocolos DeFi, que muitas vezes não refletem o sucesso das plataformas em seus ativos.

Com HYPE, a vinculação entre receita e valorização do token cria um caso de investimento mais robusto, combinando fundamentos sólidos e atratividade para investidores institucionais.

Além disso, Michielsen destaca que o mercado de derivativos, avaliado em cerca de US$ 715 trilhões anuais, representa uma oportunidade gigantesca para plataformas descentralizadas como a Hyperliquid.

A decisão da 21Shares de lançar um ETP de HYPE foi comparada por Massimo Siano, executivo da empresa, ao impacto das companhias de software nos anos 1990, que simplificaram o acesso a computadores.

Segundo ele, negociar cripto diretamente é um processo ainda complexo para a maioria das pessoas. Com produtos regulados como ETFs, ETPs e BDRs, a barreira de entrada cai drasticamente, ampliando o mercado potencial.

A analogia ilustra o papel da gestora em servir como uma ponte entre o ecossistema cripto nativo e o mercado tradicional.

Tokenização na mira

A 21Shares vê na tokenização a próxima fronteira de convergência entre finanças tradicionais e blockchain. Para Michielsen, a trajetória deve seguir uma lógica semelhante à da adoção do pregão eletrônico em substituição ao físico. Ou seja, estamos falando de quando o adjetivo ‘digital’ perde relevância e passa a ser apenas sinônimo de mercado.

No futuro, os ativos tokenizados deverão ser tratados como simples ativos, sejam eles ações, imóveis ou obras de arte. Essa convergência irá receber um impulso dos ganhos de eficiência, negociação 24/7 e redução de intermediários — o que, para a 21Shares, é algo inevitável.

Ainda não há planos concretos para lançar produtos de tokenização. No entanto, a empresa acompanha de perto esse segmento e reconhece o potencial disruptivo. O tema se soma à experiência adquirida com produtos de staking, pioneiramente incluídos em alguns de seus ETPs na Europa. Eles oferecem rendimento além da valorização do capital.

Na visão da equipe, os próximos anos devem testemunhar a consolidação dessa convergência.

Produtos regulados de criptos deixarão de ser nicho e passarão a integrar portfólios mais amplos, enquanto protocolos descentralizados com fundamentos sólidos ganharão espaço ao lado de ativos tradicionais.

Em resumo, a aposta da 21Shares é que investidores globais, incluindo os brasileiros, buscarão essa dupla exposição. De um lado, desejam acesso simplificado a ativos digitais por meio de BDRs e ETFs. Do outro, visam à participação em novas teses que podem redefinir o mercado financeiro.

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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Marta Stephens

Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona. Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra. No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra. Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.