A Coinbase vai emitir US$ 2 bilhões em notas seniores conversíveis, com vencimentos em 2029 e 2032, destinadas a investidores institucionais.
Recursos devem ser usados para fins corporativos gerais, incluindo aquisições de empresas, produtos ou tecnologias.
A estrutura lembra a usada pela Strategy (ex-MicroStrategy), levantando dúvidas sobre uma possível alocação futura em Bitcoin como tesouraria.
A exchange busca mitigar a diluição acionária com operações de capped call, sinalizando foco em gestão de capital eficiente e flexibilidade financeira.
A Coinbase, uma das maiores exchanges dos EUA e do mundo, planeja levantar US$ 2 bilhões por meio de notas conversíveis, conforme anunciou nesta terça-feira (5/8). No entanto, o que chamou a atenção do mercado é a forma com que a gigante irá fazer isso: por meio de notas conversíveis.
Ou seja, o método é semelhante ao que a Strategy utiliza para financiar suas compras de Bitcoin. Entusiastas já começam a se perguntar qual será o destino do financiamento — e se a Coinbase planeja uma tesouraria com BTC.
A venda da Coinbase estará aberta a ‘compradores institucionais qualificados’ para adquirir US$ 1 bilhão em notas seniores conversíveis com vencimento em 2029, bem como outro US$ 1 bilhão em notas com vencimento em 2032. Essas notas podem ser convertidas em dinheiro, ações ordinárias Classe A da Coinbase ou uma combinação de ambos.
Após o pagamento das despesas necessárias associadas à venda, o anúncio afirma que a Coinbase usará os recursos para ‘fins corporativos gerais’. Isso pode incluir ‘capital de giro, despesas de capital e investimentos e aquisições de outras empresas, produtos ou tecnologias’.
Coinbase emitiu notas conversíveis antes
A empresa abriu seu capital nos EUA em 2021, com uma avaliação de US$ 100 bilhões, e desde então conquistou a maior parte do mercado nos EUA. Aliás, o colapso da FTX entregou uma grande fatia de market share para a exchange.
Na época, ela conseguiu aproveitar o momento oferecendo um serviço de negociação de criptomoedas promissoras de modo simplificado.
As ações atingiram um recorde de US$ 419,78 no mês passado, com a valorização do Bitcoin. No entanto, apenas uma semana depois, a empresa recebeu uma multa de US$ 4,5 milhões de um regulador do Reino Unido por permitir que ‘clientes de alto risco’ comprassem criptomoedas.
Em março do ano passado, a Coinbase também anunciou seu plano de levantar US$ 1 bilhão por meio de notas conversíveis. No entanto, na época, o destino do dinheiro não foi para uma reserva estratégica de Bitcoin, e sim para a aquisição de empresas.
Depois disso, a Coinbase anunciou a aquisição da corretora de criptomoedas Deribit por aproximadamente US$ 2,9 bilhões.
Vazamento de dados
Na quinta-feira, a Coinbase revelou que sua receita havia caído 25% em relação ao trimestre fiscal anterior. A exchange enfrentou consequências financeiras após um grande vazamento de dados em maio. O ataque cibernético explorou funcionários de suporte fora dos EUA.
Os dados roubados incluiram números parciais de segurança social, detalhes de contas bancárias e documentos de identidade. Mas não houve comprometimento das senhas e dos fundos das contas. A empresa informou que vai reembolsar os clientes afetados e demitiu os funcionários envolvidos.
Apesar disso, a Coinbase também observou algum ganho com seu investimento na emissora de stablecoin Circle — que disparou após sua listagem em junho.
No dia seguinte à decepcionante teleconferência de resultados, a COIN caiu 17%. Especialistas argumentam que a Coinbase hoje aproveita o momento bom de mercado, levantando capital para aumentar sua competividade no mercado norte-americano. Por isso, a próxima emissão de títulos pode ter sucesso.
Como irá funcionar?
Conforme o comunicado da empresa, os papéis serão oferecidos exclusivamente a compradores institucionais qualificados, conforme a Regra 144A da Securities Act dos EUA. A emissão se dará com obrigações sênior, sem garantias e com pagamento semestral de juros.
Os títulos permitirão conversão em dinheiro, ações ordinárias Classe A da Coinbase ou uma combinação dos dois, a critério da empresa. A taxa de juros, o preço de conversão inicial e demais condições comerciais serão definidos no momento da precificação da oferta.
A Coinbase também pretende conceder aos compradores iniciais a opção de adquirir até US$ 150 milhões adicionais de cada série. Portanto, poderia totalizar até US$ 2,3 bilhões.
Como parte da estratégia de mitigação de diluição, a Coinbase irá celebrar transações de capped call com instituições financeiras. Essas operações têm como objetivo limitar a diluição de ações em caso de conversão dos títulos. Também reduziriam o montante em dinheiro que a empresa precisaria pagar acima do valor principal dos papéis, dentro de um teto previamente definido.
Distribuição restrita a investidores institucionais
As transações de capped call cobrirão o número de ações com base em cada série de notas. Os títulos não serão registrados na SEC ou em nenhuma autoridade regulatória de valores mobiliários, o que impede sua oferta pública nos Estados Unidos sem uma isenção apropriada.
Portanto, a distribuição será restrita a investidores institucionais por meio de memorando confidencial.
A movimentação mostra que a Coinbase continua ativa na gestão de sua estrutura de capital. Além disso, a empresa diz que busca alavancar oportunidades de mercado sem diluir sucessivamente seus acionistas atuais.
A exchange ainda sinalizou que poderá continuar recomprando ações e financiando sua dívida existente, em linha com a estratégia de longo prazo de preservação de caixa e aumento de flexibilidade financeira.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona.
Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra.
No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra.
Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.
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