BSOL (Bitwise) e GSOL (Grayscale) superam US$ 500 milhões em ativos sob gestão na primeira semana.
Grayscale repassa 77% das recompensas líquidas de staking aos cotistas.
Produtos atraem fundos e gestores que buscam exposição regulada e produtiva a altcoins.
Bitwise cobra 0,20% e isenta taxas por três meses; Grayscale aplica 0,35%.
Segundo Antonio Neto (Solana LatAm), 'os ETFs estão evoluindo de vitrines para veículos de geração de valor'.
Os ETFs de Solana lançados pela Bitwise Asset Management e pela Grayscale Investments superaram a marca de US$ 500 milhões em ativos sob gestão (AUM) em menos de uma semana após estrearem na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).
O resultado surpreendeu o mercado e colocou a Solana no radar institucional de forma definitiva. Para além disso, confirma a força de sua narrativa como uma das principais blockchains de alto desempenho do mundo.
O primeiro ETF a chegar ao mercado foi o Bitwise Solana ETF (BSOL), listado no dia 28 de outubro de 2025. O fundo captou aproximadamente US$ 69,5 milhões no primeiro dia, somando outros US$ 130 milhões nos dois dias seguintes e atingindo cerca de US$ 420 milhões na primeira semana.
A performance inicial colocou o BSOL entre os produtos mais bem-sucedidos já lançados pela Bitwise em sua história.
Um dia depois, a Grayscale lançou o Grayscale Solana Trust (GSOL), que também estreou com força. O fundo recebeu US$ 2,2 milhões em aportes iniciais e rapidamente ultrapassou US$ 100 milhões em ativos sob gestão, somando o capital de lançamento e as novas entradas de investidores.
Juntos, os dois ETFs de Solana já movimentam mais de meio bilhão de dólares, superando com folga o desempenho de ETFs semelhantes ligados a altcoins lançados em 2024.
ETFs de Solana captura demanda institucional
De acordo com dados compilados por The Block, a Solana já representa cerca de 0,5% da capitalização total da rede capturada via ETFs, em apenas poucos dias de negociação.
Para analistas, o número indica que há uma mudança estrutural na demanda institucional pelas criptomoedas mais promissoras.
Com investidores agora buscando exposição regulada a redes de segunda geração, que oferecem rendimentos intrínsecos via staking, e não apenas exposição especulativa.
Um dos diferenciais dos novos produtos é justamente o modelo de staking embutido. Ambos os fundos aplicam suas posições em Solana (SOL) em validadores da rede, gerando rendimento contínuo.
No caso da Grayscale, cerca de 77% das recompensas líquidas de staking são repassadas aos investidores, o que cria um produto híbrido entre ETF e estratégia de yield.
Já o fundo da Bitwise mantém a custódia total dos ativos e realiza o staking internamente, sem intermediários, o que permite maior autonomia e controle operacional.
Esse novo formato de ETF reflete uma tendência crescente: a busca por produtos que geram rendimento passivo, combinando a transparência dos fundos regulados com a eficiência e segurança das blockchains.
Como explicou Antonio Neto, Head LatAm da Solana, o mercado está entrando em uma nova fase. ‘Os ETFs estão evoluindo de vitrines para veículos de geração de valor. O investidor quer ver o ativo render, não apenas existir na carteira. Isso marca uma mudança de mentalidade. O capital institucional busca ativos digitais que trabalham a seu favor’, afirmou.
ETFs de Solana x ETFs de Ethereum
O sucesso imediato dos ETFs de Solana contrasta com o início mais contido dos ETFs de Ethereum lançados no início de 2025. Na época, os ETFs de Ethereum também precisaram de várias semanas para acumular volumes equivalentes.
Parte dessa diferença se deve à estrutura de taxas mais competitiva e à tese de eficiência da Solana, frequentemente apontada como uma das blockchains mais rápidas e baratas do mercado.
A Bitwise, por exemplo, reduziu sua taxa de administração para 0,20%, com isenção total nos três primeiros meses ou até atingir US$ 1 bilhão em AUM.
Trata-se de uma estratégia agressiva para acelerar a adoção institucional.
O fundo cripto GSOL, da Grayscale, cobra uma taxa um pouco maior, de 0,35%, mas compensa com transparência e histórico. A gestora foi pioneira em produtos institucionais de cripto, tendo sido a primeira a lançar um fundo de Bitcoin em 2013 e um de Ethereum em 2017.
Segundo o relatório do ETF, a Grayscale escolheu incluir o staking por considerá-lo ‘parte essencial do funcionamento da rede e um fator determinante para o retorno líquido dos investidores’.
A própria NYSE divulgou que, no dia de estreia do BSOL, os negócios com o ativo estiveram entre os 10 mais negociados da categoria de novos produtos.
A combinação de captação recorde, rendimento via staking e crescente reconhecimento institucional reforça a posição da Solana como terceira força do mercado cripto. Portanto, está atrás apenas de Bitcoin e Ethereum em capitalização e volume negociado.
Um ETF divisor de águas
Para muitos analistas, a presença da rede no ambiente regulado de Wall Street marca um divisor de águas. Dessa maneira, pela primeira vez, investidores tradicionais têm acesso a um ativo de camada 1 (Layer 1) alternativo dentro de um produto listado em bolsa.
Além disso, com liquidez diária e compliance integral.
O contexto macro também favorece a tese. Com o dólar mantendo-se estável e o Federal Reserve sinalizando uma pausa no ciclo de altas de juros, o ambiente de liquidez continua propício à migração de capital para ativos de risco.
O setor de cripto volta a ser visto como uma classe emergente de diversificação. Nesse sentido, a Solana, ao unir performance técnica e geração de renda, parece ocupar o espaço que outras blockchains ainda não conseguiram consolidar.
Impactos práticos na rede
Do ponto de vista da rede, o lançamento também tem efeitos práticos. Cada nova unidade de ETF que compra SOL para custódia reduz o supply líquido circulante, o que, em teoria, pressiona positivamente o preço.
Além disso, como os tokens ficam em staking, parte do capital se torna ilíquida por períodos determinados, ampliando a escassez de curto prazo.
Desde o início das negociações dos ETFs, o preço da Solana subiu cerca de 12%.
Ainda assim, o sucesso da estreia é visto como um marco para o avanço dos produtos cripto de nova geração. Para Antônio Neto, o movimento confirma que o mercado está amadurecendo.
‘O investidor institucional quer eficiência, transparência e rendimento. A Solana oferece esses três elementos. Esses ETFs mostram que os ativos digitais não são apenas especulação. São infraestrutura viva, produtiva e integrável’, destacou.
O interesse institucional deve continuar crescendo à medida que os reguladores norte-americanos abrem espaço para novas classes de ETFs cripto.
Segundo a Bloomberg, há pelo menos 12 solicitações adicionais em análise pela SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA), envolvendo redes como Avalanche, Polkadot e Chainlink. A experiência da Solana pode servir de referência para os próximos lançamentos.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.
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