A cidade suíça de Lugano sediou na última semana um importante evento para o ecossistema das finanças digitais.
O ecossistema Lugano mais Tether forma hoje um laboratório real de aceitação cripto.
Mais de 400 lojistas na cidade aceitam BTC, USDT e o token local LVGA como meio de pagamento, segundo dados recentes.
A cidade suíça de Lugano sediou nesta semana um importante evento para o ecossistema das finanças digitais, o PlanB, com destaque para o debate global sobre stablecoins e a integração entre o mundo cripto e o sistema financeiro tradicional.
Participando do encontro, o empresário brasileiro Rocelo Lopes, CEO da SmartPay, voltou ao Brasil com uma convicção reforçada. Afinal, para ele, as stablecoins já não são apenas tema de laboratório, mas passam ao centro das discussões regulatórias, corporativas e institucionais. Durante o fórum, ele afirmou:
Há um ano, quando eu disse que 2025 seria o ano das stablecoins, com fintechs, governos, reguladores e bancos falando sobre o tema, parecia uma previsão ousada. Hoje, ela é realidade.
No âmbito do evento, promovido pela cidade de Lugano em parceria com a Tether, empresa por trás da stablecoin USDT, o foco esteve em mostrar como a criptografia e os ativos digitais deixaram de ser apenas um fenômeno de investimento para ocupar a infraestrutura de pagamentos, da tokenização de ativos e da liquidação on-chain.
Tether em Lugano
O ecossistema Lugano mais Tether forma hoje um laboratório real de aceitação das criptomoedas mais promissoras. Mais de 400 lojistas na cidade aceitam BTC, USDT e o token local LVGA como meio de pagamento, segundo dados recentes.
Lopes aproveitou para apresentar a experiência brasileira da SmartPay e da Truther Rezolve Wallet. Nesse sentido, ele destacou que o modelo de integração entre blockchain, Pix e o sistema financeiro local chamou a atenção por sua simplicidade e volume de transações. Segundo ele:
O que antes era visto com espanto agora desperta interesse genuíno de quem busca levar as criptomoedas para o mainstream.
Em paralelo, ele anunciou que a Truther Rezolve Wallet entra em nova fase, sob a alçada da Rezolve AI, com funcionalidades expandidas e um cartão de autocustódia integrado à rede Visa, com lançamento previsto para 2026.
Durante o fórum, Lopes conversou com o CEO da Tether, Paolo Ardoino. Além disso, também trocou figurinhas com o pioneiro da tecnologia Lightning Network, Adam Back, sobre a evolução dos incentivos que sustentam as redes blockchain. De acordo com o CEO da SmartPay:
Por muito tempo, a pergunta era: ‘quanto eu ganho para manter um node?’ Hoje, o verdadeiro incentivo é manter uma rede segura, com privacidade e liberdade para os usuários.
A reflexão reforça um dos temas centrais do evento: a maturidade das infraestruturas blockchain, que passaram da mineração e especulação para a infraestrutura de pagamentos, liquidação e tokenização de valor real.
Novidades da SmartPay
A SmartPay, adquirida pela Rezolve AI em 2025, destacou também que a nova versão da Truther Rezolve Wallet, prevista para o início de 2026, trará suporte a stablecoins reguladas, carteira autocustódia, transações diretas via Pix e o referido cartão integrado à Visa. O objetivo, nas palavras de Lopes, é:
Promover inclusão financeira e devolver às pessoas o controle sobre o próprio dinheiro. Acreditamos que a liberdade financeira começa com autonomia tecnológica.
Na prática, a fintech pretende facilitar que o usuário mantenha saldo em dólar digital (como USDT) e pague em reais via Pix, com integração total ao sistema financeiro tradicional brasileiro.
Do ponto de vista macro, o evento em Lugano reforçou que as stablecoins passaram a ter protagonismo nas agendas de bancos centrais, reguladores e fintechs.
A parceria entre a cidade e a Tether começou em 2022, com o programa Plan ₿. O objetivo é transformar Lugano numa ‘cidade Bitcoin’, onde impostos, taxa de estacionamento e mensalidades podem ser pagas em BTC ou USDT.
Agora, o foco se desloca para liquidação global, tokenização de ativos reais, privacidade opt-in e integração com infraestruturas reguladas. São temas debatidos intensamente no fórum de 2025.
Especialistas presentes destacaram que um dos vetores principais é justamente a transformação das stablecoins em rails de pagamento, não mais meramente em tokens de reserva ou especulação.
Adoção em massa aumenta
A adoção em Lugano mostra que, com apoio institucional, infraestrutura de front-end e aceitação comercial real, a criptografia pode penetrar o cotidiano. Segundo publicação de julho de 2025, em Lugano, mais de 400 lojistas aceitam criptos em pagamentos presenciais, e sistemas de cartão EMV vinculados a carteiras cripto já operam há meses.
Para o Brasil, o discurso da SmartPay e da Truther ressignifica o que pode ocorrer localmente. Ou seja, a combinação entre stablecoins, Pix e integração regulada abre caminho para novos modelos de negócio em fintechs, comércio digital e remessas internacionais.
Lopes apontou que ‘se queremos trazer pessoas para esse ecossistema, o primeiro incentivo deve ser simples: permitir que elas transacionem a custo zero’. Essa visão encontra respaldo em projetos de novas blockchains emergentes, como a Plasma (mencionada por Lopes), que propõem transações gratuitas em stablecoins para países emergentes, uma estratégia de inclusão financeira em escala global.
Desafios regulatórios
Não obstante, o movimento traz desafios relevantes. A expansão de stablecoins e tokenização de ativos empurra os reguladores a definirem novas regras de custódia, disclosures, interoperabilidade entre chains e fluxo entre fiat e cripto.
A Tether, por exemplo, continua na berlinda regulatória em alguns mercados, embora tenha avançado com liquidez e adoção recorde.
Além disso, a adoção comercial ainda requer amadurecimento. A experiência de Lugano mostra que, embora exista aceitação, o volume ainda é pequeno em relação às transações totais e a infraestrutura precisa escalar para redes maiores.
O desafio para fintechs como a SmartPay será justamente converter promessa em escala no Brasil com custos de integração, compliance e experiência de usuário.
O evento de Lugano funcionou como um marco simbólico. Além disso, trouxe o reforço de que as stablecoins deixaram de ser ‘tema cripto’. Hoje, avançam para o epicentro do debate sobre o futuro da liquidação, dos pagamentos e da infraestrutura global de valor.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.
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