Postagens virais acusam o JPMorgan de ‘atacar’ bitcoiners e a Strategy.
Nenhuma evidência independente confirma que clientes estão, de fato, deixando o banco em grande escala.
A origem da controvérsia está em um relatório de analistas do JPMorgan sobre potenciais riscos para a Strategy em índices de mercado.
O episódio ilustra a tensão crescente entre instituições tradicionais e a comunidade cripto.
A semana começou bastante agitada para a comunidade bitcoiners. Isso porque no domingo (23/11) ressurgiram tensões entre a comunidade entusiasta da criptomoeda e o banco gigante do mercado tradicional JPMorgan.
A raiz da briga entre ambos está no fato de que, na semana anterior, a empresa de índices MSCI (antiga Morgan Stanley Capital International) anunciou planos de excluir empresas de tesouraria de criptomoedas de seus índices a partir de janeiro de 2026.
No relatório publicado na semana anterior por analistas do JPMorgan, o banco alertava que a Strategy poderia enfrentar saídas bilionárias caso fosse retirada de índices mantidos pela MSCI.
Por isso, como forma de boicote, influenciadores afirmam que ‘grandes números de usuários’ estariam correndo para fechar suas contas no banco.
O que disse o JPMorgan sobre a Strategy
Segundo o JPMorgan, uma exclusão inicial da Strategy poderia causar a retirada automática de cerca de US$ 2,8 bilhões em capital passivo. Além disso, tenderia a potencializar perdas adicionais se outros benchmarks seguissem o mesmo caminho. Por exemplo, há empresas que compram criptomoedas promissoras para construir uma estratégia de tesouraria.
A Strategy, que mantém uma das maiores posições corporativas de Bitcoin do mundo, estava sob pressão de alguns reguladores e provedores de índice devido à forma como sua exposição ao BTC impacta os critérios de composição.
A comunidade Bitcoin interpretou o relatório como um ‘ataque’ direcionado a empresas e investidores com alta exposição ao ativo, argumento rapidamente amplificado por perfis de grande engajamento.
Em questão de horas, diversas postagens sugeriram que um movimento coordenado de encerramento de contas estaria em curso, especialmente por parte de bitcoiners desconfiados do banco.
O slogan repetido nos posts, ‘ações têm consequências’, transformou o episódio em uma narrativa de retaliação. Apesar das alegações, não há confirmação de que clientes tenham fechado em grande volume suas contas no JPMorgan.
JPMorgan não se pronunciou sobre o assunto
O banco não emitiu declaração oficial sobre o tema, e nenhuma agência independente reportou anomalias de fluxo bancário. Ainda assim, o fato de o rumor ter ganhado tração expõe o cenário de desconfiança crescente entre investidores de cripto e instituições financeiras tradicionais, especialmente em momentos de maior volatilidade regulatória e macroeconômica.
Um suposto ‘vazamento de dados’ citado em algumas publicações também permanece sem comprovação. Não houve até o momento registro de incidentes significativos de segurança envolvendo o JPMorgan que se relacionem especificamente com usuários de criptomoedas.
Mesmo assim, a simples menção foi suficiente para impulsionar o sentimento de urgência entre perfis alinhados ao ethos de soberania financeira promovido pelo Bitcoin.
O contexto por trás da briga
Embora o episódio tenha forte componente de especulação, ocorre em um ambiente já aquecido. A Strategy tem sido alvo de escrutínio crescente devido ao tamanho de sua exposição ao Bitcoin. Portanto, decisões de indexação por parte de provedores como o MSCI podem, de fato, ter impacto no preço das ações da empresa.
Além disso, o histórico de declarações críticas de executivos do JPMorgan em relação ao criptomercado reforça as percepções de hostilidade, mesmo quando se trata de análises técnicas ou regulatórias.
Para o mercado cripto, casos como esse revelam a extensão da sensibilidade da comunidade perante movimentos de grandes bancos. Especialmente, quando são interpretados como tentativas de influenciar os preços ou de restringir o acesso financeiro.
Por outro lado, para instituições tradicionais, a situação mostra como narrativas online podem ganhar vida própria. Assim, gerando ruído que escapa ao controle e exige respostas rápidas de relações públicas.
Enquanto não surgirem dados concretos sobre o suposto êxodo de clientes, o caso permanecerá condicionado ao ambiente de rede, onde rumores se espalham com velocidade muito maior do que a dos fatos.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.
We use cookies to ensure that we give you the best experience on our website. If you continue to use this site we will assume that you are happy with it.Ok