Traders liquidam US$ 1,31 milhão em WLFI, superando Bitcoin

Liquidação de US$ 1,31 milhão do WLFI supera US$ 764,80 mil do Bitcoin e US$ 370,24 mil do Ethereum.

Marta Stephens By Marta Stephens Flavio Aguilar Edited by Flavio Aguilar Atualizado em 6 mins read
Traders liquidam US$ 1,31 milhão em WLFI, superando Bitcoin

Resumo da notícia

  • O token WLFI liderou liquidações com US$ 1,31 milhão na segunda-feira (1/9), superando Bitcoin e Ethereum.
  • Lançado em setembro de 2024 pela World Liberty Financial, o WLFI é vinculado a Donald Trump e sua família.
  • A queda foi impulsionada por uma baixa oferta, alta alavancagem e incertezas sobre desbloqueios de tokens.

O mercado de criptomoedas iniciou a semana mostrando resiliência, sem passar por grandes quedas. No entanto, há exceções como a do WLFI (World Liberty Financial) que, em seu lançamento na segunda-feira (1/9) já liderou o quadro de liquidações (liquidation heatmap).

No total, foi liquidado US$ 1,31 milhão em posições long dos traders. Ou seja, em termos de liquidações e volatilidade neste período, a WLFI superou gigantes como Bitcoin (BTC), com US$ 764,80 mil, e Ethereum (ETH), com US$ 370,24 mil, em perdas de posições alavancadas.

Essa volatilidade extrema reflete um colapso repentino no preço do token, levantando questões sobre sua estabilidade e a exposição de investidores a riscos especulativos. Além disso, a associação do WLFI com Donald Trump, presidente dos EUA, adiciona uma camada de complexidadeà queda do ativo digital.

O mapa de calor (heatmap) revela que o WLFI, com US$ 1,31 milhão em liquidações, dominou o cenário na janela de uma hora. Em seguida, vieram tokens como TRUMP (US$ 690,62 mil) e ADA (US$ 196,17 mil).

WLFI, de Trump, liquida US$ 1,31 milhão de traders, superando BTC em volatilidade

(Imagem: Coinglass)

A cor verde vibrante associada ao WLFI indica uma liquidação massiva de posições long. Ou seja, investidores apostaram fortemente na alta do token, apenas para enfrentarem margens insuficientes quando o preço despencou.

O Bitcoin, apesar de sua liquidação significativa de US$ 764,80 mil, aparece em vermelho, sinalizando pressão vendedora, enquanto o Ethereum, com US$ 370,24 mil, reflete volatilidade mais moderada.

Portanto, esse contraste destaca o WLFI como o epicentro de um evento turbulento, amplificado por sua ligação com Trump. O token atraiu uma base de investidores motivada pelo apoio político do presidente.

O que é o WLFI e sua associação com Trump

O WLFI é o token nativo da World Liberty Financial, uma iniciativa de finanças descentralizadas (DeFi) lançada em setembro de 2024. Trata-se de um projeto capitaneado por Donald Trump Jr. e Eric Trump. A ‘promessa’ (indiretamente) foi de que a WLFI estaria entre as melhores criptomoedas para se investir, com alta usabilidade no mercado tradicional.

De acordo com o site oficial, a plataforma busca ‘conectar finanças tradicionais (TradFi) e a economia aberta’ por meio de produtos on-chain, incluindo o stablecoin USD1 e o próprio WLFI como token de governança.

Cada WLFI concede um voto em propostas comunitárias, mas, ao contrário de outros tokens de governança como UNI, não oferece direitos econômicos e é não-transferível após a compra, o que limita sua liquidez e aumenta a especulação.

A associação com Trump começou como uma narrativa de campanha durante sua corrida presidencial em 2024, com a World Liberty Financial promovida como uma iniciativa ‘não política’ apesar de seu endosso explícito.

Após sua posse como 47º presidente dos EUA, em janeiro de 2025, Trump assumiu o título de ‘chief crypto advocate’, enquanto seu filho Barron foi nomeado ‘DeFi visionary’.

A empresa levantou mais de US$ 550 milhões em uma venda pública que exigia KYC (Know Your Customer), e investidores como Justin Sun (US$ 75 milhões) e uma firma de Abu Dhabi (US$ 2 bilhões) entraram no projeto, conforme relatou a CoinGecko.

Portanto, bastante dessa conexão política foi o que impulsionou o hype em torno do WLFI. Ou seja, ele atraiu investidores que viam o token como um reflexo do apoio de Trump às criptomoedas, culminando em sua liquidação recorde.

Surgimento do WLFI e saída de liquidez

A história do WLFI remonta ao início de 2024. Durante sua campanha presidencial, Donald Trump começou a articular uma visão de liderança americana no setor cripto.

O lançamento oficial do projeto ocorreu em 15 de setembro de 2024, com uma oferta inicial que distribuiu 75% dos 100 bilhões de tokens WLFI a subsidiárias controladas pela família Trump. Enquanto isso, 22 bilhões foram vendidos a investidores externos.

O crescimento inicial foi impulsionado por um whitepaper ambicioso que prometia integração com o sistema financeiro tradicional. Aliás, mencionava também a stablecoin USD1, ancorada ao dólar e projetada para competir com USDC e USDT.

Em novembro de 2024, a plataforma anunciou a compra de 30 milhões de TRX (US$ 7,43 milhões), sinalizando um alinhamento com a rede Tron. Para celebrar a posse de Trump, em janeiro de 2025, foram feitas ‘compras estratégicas’ de criptos, conforme relatado pela Reuters.

Essa fase inicial atraiu especuladores, elevando o preço do WLFI de US$ 0,01 para US$ 0,75 em fevereiro de 2025. No entanto, a falta de entregas concretas, como a prometida integração bancária, começou a minar a confiança.

Causas da queda e dinâmica de mercado

A liquidação de US$ 1,31 milhão em uma hora sugere uma reversão abrupta, possivelmente desencadeada por fatores estruturais. A baixa oferta circulante (low float) e a alta capitalização totalmente diluída (high FDV) do WLFI criaram uma ‘bomba-relógio’.

Nesse cenário, qualquer mudança no momentum de preço poderia disparar liquidações. Sem contar, claro, que o movimento se assemelha a uma movimentação de saída de liquidez pra os investidores que compraram nas primeiras rodadas de investimento.

A alavancagem excessiva, com margens de até 100x em plataformas como Binance, amplificou as perdas quando o preço caiu. Também houve dúvidas sobre desbloqueios de tokens reservados para a família Trump e advisors, como Sun, que detêm 22,5 bilhões de WLFI.

Além disso, a narrativa de suporte institucional, reforçada por compras como US$ 47 milhões em ETH e wBTC, em janeiro de 2025, pode ter atraído investidores inexperientes.

No entanto, a falta de transparência sobre os desbloqueios e a integração da stablecoin USD1 à blockchain Tron de Sun levantaram preocupações, levando a uma venda em pânico.

O volume de derivativos disparou, e o interesse aberto permaneceu alto, indicando que a volatilidade pode continuar, atraindo tanto especuladores quanto reguladores.

Perspectivas e desafios para WLFI

A longo prazo, o WLFI pode enfrentar um rebranding ou abandono se a equipe não restabelecer a confiança. Indicadores técnicos como MACD em baixa e RSI oversold sugerem mais quedas, mas um aumento de volume pode levar a uma recuperação.

A liquidez global pode ser impulsionada por cortes de juros do Federal Fed (Fed) esperados para setembro. E isso teria o efeito de mitigar impactos, atraindo capital novo.

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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Marta Stephens

Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona. Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra. No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra. Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.