Visa vai permitir pagamentos com quatro stablecoins — veja quais

A iniciativa reforça a visão da Visa de que as stablecoins não são um experimento isolado.

Leonardo Cavalcanti By Leonardo Cavalcanti Flavio Aguilar Edited by Flavio Aguilar Atualizado em 5 mins read
Visa vai permitir pagamentos com quatro stablecoins — veja quais

Resumo da notícia

  • A Visa vai habilitar a aceitação de quatro stablecoins em quatro blockchains distintas.
  • A gigante de pagamentos integrará as stablecoins USD Coin (USDC), PayPal USD (PYUSD), Global Dollar (USDG) e Euro Coin (EURC).
  • Essas moedas serão usadas sobre as blockchains Ethereum, Solana, Avalanche e Stellar.

A Visa acaba de dar um passo decisivo rumo à era das finanças digitais ao anunciar que vai habilitar a aceitação de quatro stablecoins em quatro blockchains distintas. A novidade é um reforço do objetivo da empresa de ser uma ponte entre o sistema financeiro tradicional e os ativos digitais.

Segundo o comunicado oficial, a gigante de pagamentos integrará as stablecoins USD Coin (USDC), PayPal USD (PYUSD), Global Dollar (USDG) e Euro Coin (EURC) sobre as blockchains Ethereum, Solana, Avalanche e Stellar.

Para analistas do mercado, a iniciativa reforça a visão da Visa de que as stablecoins não são um experimento isolado, mas sim parte integrante da arquitetura de pagamentos global.

Conforme o diretor de produtos da empresa, trata-se de construir uma ‘rede de redes’ (network of networks), que conecte ecossistemas de ativo digital, fiat e infraestruturas bancárias de forma interoperável.

A aceitação dessas moedas digitais não se limita ao âmbito ‘cripto’. Afinal, o anúncio menciona que as stablecoins serão conversíveis para mais de 25 moedas fiduciárias. Portanto, a empresa pretende viabilizar que comerciantes, fintechs e instituições ao redor do mundo possam liquidar em reais, euros ou outras moedas locais.

Por que isso importa?

Em primeiro lugar, o movimento demonstra que as empresas de pagamento tradicionais estão abraçando as stablecoins de forma estruturada e institucional. Ou seja, não as veem apenas como suporte para ‘novos usuários cripto’, mas como um pilar de liquidação.

A Visa já havia reportado que, desde 2020, facilitou mais de US$ 140 bilhões em fluxos envolvendo stablecoins e outras criptomoedas promissoras. Além disso, revelou um crescimento de quatro vezes no gasto via cartões vinculados a stablecoins no quarto trimestre.

Em segundo lugar, o uso de quatro blockchains diferentes ajuda a mitigar um dos grandes desafios das finanças descentralizadas: a dependência de uma única rede. Afinal, isso eleva o risco de congestionamento, tarifa elevada ou falha técnica.

Com Ethereum, Solana, Avalanche e Stellar em seu leque, a Visa oferece redundância e flexibilidade operacional, elementos cruciais para pagamentos em escala global.

Por fim, a inclusão do PYUSD, emitida pela PayPal por meio da Paxos Trust Company, assim como do USDG, demonstra que a Visa não se limita às stablecoins mais conhecidas (como o USDC). Pelo contrário, ela sinaliza que está aberta ao ambiente de múltiplos emissores regulados, o que aumenta a concorrência e a utilidade no mercado.

O que muda para os pagamentos no dia a dia?

Para comerciantes e fintechs, essa arquitetura oferece vantagens concretas. Por exemplo, traduz-se em liquidação mais rápida e menor custo de infraestrutura. Por exemplo, custos de câmbio e correspondent banking podem ser reduzidos. Além disso, incluiria a integração direta com rails de stablecoins que já circulam digitalmente.

Para o usuário final, a experiência de compra com cartão ou app pode não mudar visivelmente. Mas o back-end passa a ter compatibilidade com liquidação digital instantânea e maior fluidez transfronteiriça.

Por exemplo, um marketplace brasileiro poderá aceitar uma stablecoin como PYUSD ou EURC, converter ou liquidar em reais com mais rapidez e menor custo e, eventualmente, reduzir dependência de bancos correspondentes ou fluxos tradicionais que demoram dias.

Da mesma forma, empresas que fazem remessas internacionais ou pagamentos de fornecedores fora do país podem se beneficiar de uma menor fricção, finalização 24/7 e taxas mais previsíveis.

Implicações para o ecossistema cripto

Essa integração reforça que stablecoins e, por extensão, infraestruturas de liquidação on-chain estão migrando de um mercado de nicho para o mainstream corporativo.

Com a Visa embarcando nessa direção, espera-se que mais instituições financeiras, bancos e plataformas de pagamentos sigam o caminho.

A interoperabilidade multi-cadeia que a Visa defende significa que projetos cripto e fintechs precisam considerar estratégias multi-chain e suporte para múltiplas stablecoins, não apenas a dominante USDC.

Além disso, a parceria impulsiona a utilidade de stablecoins como PYUSD, USDG e EURC, que ganham ‘cara de pagamento’, não apenas de token para trading. Isso pode atrair mais liquidez, adoção comercial e apetite de investidores institucionais que até agora veem os criptoativos como risco, mas começam a enxergar utilidade tangível.

Perspectivas no Brasil e América Latina

Para o Brasil e a América Latina, onde remessas internacionais, câmbio e liquidação de fornecedores muitas vezes envolvem atrasos, bancos correspondentes caros ou jornadas de dias, a abertura de uma grande rede de pagamentos com stablecoins multi-cadeia oferecida pela Visa representa uma oportunidade.

Fintechs locais que já trabalham com a Visa podem estender seus serviços para aceitar stablecoins como PYUSD ou EURC. Além disso, podem reduzir o custo e tempo de liquidação, além de habilitar novos modelos de pagamento transfronteiriço.

A Visa observa que os mercados emergentes são, na verdade, onde as stablecoins têm maior penetração, especialmente onde a demanda por dólares ou meios alternativos de pagamento se destaca. Portanto, essa demanda explica o foco latino-americano da empresa.

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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Leonardo Cavalcanti

Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.